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domingo, 29 de setembro de 2013

Estudo sequencial ou sistematizado? Reflexões nos 35 anos do ESDE




Nestes tempos de reflexão sobre os 35 anos do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita no Brasil, ousamos, dentro de nossa limitação doutrinária, traçar algumas reflexões. Sem dúvida, o ESDE é uma significativa ferramenta para o Estudo na Casa Espírita. Aqui em Barra Velha, litoral norte de Santa Catarina, já completamos todo o ciclo (apostilas I, II e tomo único) da nova edição da FEB e completamos também algumas apostilas anteriores, também da FEB, Feparaná e também na Mediunidade, com apostilas igualmente febianas.

Mas na condição de dirigente, fico ao mesmo tempo satisfeito de observar progressos no grupo, e preocupado. Não estamos invertendo a ordem do estudo? Por mais que o ESDE tenha estratégias pedagógicas, planos de aula, propostas de discussão, avaliação final, ele acaba por suprimir o conhecimento DIRETO que o estudioso da Doutrina poderá ter com a Obra Básica em questão. E mais: esse ESDE será SEMPRE o fruto da pesquisa e seleção de um grupo de encarnados - em que pese a boa vontade e conhecimento amplo dos elaboradores da apostila e o fato de eles se basearem nas lições dos Imortais.

Essa sistematização não vem, digamos, diretamente da Espiritualidade Superior (não pelo menos no grau que temos quando nos deparamos com as Obras Básicas), e pode suprimir trechos importantes da Codificação que chegaram para nós justamente como o Codificador queria que chegasse: na mesma ordem metodológica e didática que sabemos que o Senhor Allan Kardec usou, desdobrando sua primeira obra em quatro outros livros, a partir dos livros (ou sublivros) de "O Livro dos Espíritos".

Desde 2009, em Barra Velha, nós apostamos no Estudo Sequencial. Primeiro, o Sequencial: "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns" (que ainda não fizemos), "O Evangelho Segundo o Espiritismo", já completado. Já completamos igualmente "O Céu e o Inferno" e "A Gênese" também. E outras ricas e oportunidades obras sequenciais: "O Consolador", "Nosso Lar", "Os Mensageiros” (em andamento), "O Espírito e o Tempo" (recentemente concluído, fantástico livro), e agora estamos em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", Léon Denis. Claro que isso dividido em dias e horários diferentes, com monitores diferentes. E junto disso, o ESDE, nas segundas-feiras, recentemente concluído.

Vejam bem: não estou minimizando a importância do ESDE ou qualquer outra estratégia de aprendizagem, pois como bem lembrou o confrade Marcelo Henrique Pereira, de São José, Santa Catarina, o Codificador (em “Obras Póstumas”, no “Projeto 1868”, que todos deveriam ler e reler), foi profético ao recomendar a preparação e profusão de “Um curso regular de Espiritismo”, o qual seria “professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios”. Continua Kardec frisando que “este curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns”.

Vimos, por nós próprios, que apenas recomendar que o estudioso da Doutrina Espírita leia as Obras Básicas em casa, por si só, não basta. Muitos não chegam nem a "O Que é o Espiritismo?". Absoluta maioria sequer abriu as páginas da Revista Espírita (inclusive eu, que concluí e parei na primeira delas).

Aí, uma casa espírita que oferece apenas a leitura em apostilas durante 5, 10, 15 anos, correrá o risco de ao final perguntar quem conhece a fundo o conteúdo, por exemplo, do "O Livro dos Espíritos", e receber apenas a resposta: "É, conheço, mas trechos dele...". Será um conhecimento fragmentado. "Picotado".

Chegamos à conclusão que na casa espírita, o primeiro deve ser mesmo o ESTUDO SEQUENCIAL. A apostila vem depois. É complemento, é imprescindível, vem como referencial teórico, acrescido de excelentes trechos de ótimas obras, vasta bibliografia e todas as vantagens citadas acima. Essa é nossa modesta opinião.

Por hora, rogamos as bênçãos do Cristo aos lutadores, dos Dois Planos, dessa excepcional proposta de estudo e metodologia elaborada nos últimos 35 anos chamada “ESDE”. Mas ousamos dizer: "Em primeiro, Kardec por Inteiro!"

Juvan Neto
C. E. Jesus de Nazaré
Barra Velha - SC.


Leia mais: http://www.cejn.org.br/news/noticias-estudo-sequencial-ou-sistematizado-reflex%c3%b5es-nos-35-anos-do-esde-/

Simplicidade e luz no movimento espírita cubano

Cenas da incrível “Jornada Global Espírita” de 2009 mostra o clima de fraternidade e simplicidade do movimento espírita em Cuba, mas também dão uma ideia da razão pela qual o País já é a segunda maior nação espírita do mundo 


Há tempos pensei em sugerir o link do presente vídeo aos espíritas da nossa listagem, e ao vê-lo reiteradas vezes, sempre pensei se essa “Caravana Global”   mostrada nas imagens em Cuba não teve muito da própria “Caravana da Fraternidade”, marco da Unificação do Espiritismo no Brasil em 1950. Hoje achei um espacinho na agenda para, em texto, convidar os confrades a “viajar” com a gente junto do movimento espírita cubano.


Está aí, o vídeo de 2009, gravado em Cuba, que mostra a caravana organizada por dirigentes e confrades espíritas da Ilha, juntamente com integrantes da Aliança Espírita Evangélica (entidade espírita brasileira). Foram 14 dias de viagens dentro da ilha, com 1.000 espíritas participantes e 2.200 km percorridos!

O objetivo foi estreitar laços e integrar (ou será unificar?) o movimento espírita cubano, isso quatro anos antes do Congresso Espírita Mundial, que neste ano, o Conselho Espírita Internacional promoveu na mesma ilha, de 22 a 25 de março. Parece até mesmo que os auspícios da Espiritualidade surgiram na ocasião visando mesmo o estreitamento de laços!

A cada cena não há como não associar certa similaridade à nossa “Caravana da Fraternidade”: notamos a grande fraternidade dos cubanos, mas também a simplicidade de nossos irmãos espíritas. Casas espíritas ainda muito acanhadas – algumas até verdadeiras choupanas, com tijolos sem reboco e cobertura de palha – servindo para espargir a Luz Espírita em Cuba. Bibliotecas muito simples, livros antigos. Raros materiais pedagógicos de estudos...

Veem-se ainda quadros de Kardec e de Amália Domingo Soler (nobre dama do Espiritismo na Espanha), figurando nas paredes – e há até alguns centros ainda com crucifixos na parede ou no piso, um pequeno atavismo que por certo, não inviabiliza o bem que deve ali acontecer e a difusão dos ensinos espíritas-cristãos. Ao assisti estas cenas, fiquei imaginando o exato conceito de “Cristianismo Redivivo”, diante dessas reuniões. O esforço da Espiritualidade... e quão belas devem ser estas reuniões.

Até mesmo casas com práticas ritualísticas e um velho senhor benzedor foram visitados, além de conhecidos núcleos familiares, que ainda não se formaram em centros espíritas. Em muitos lugares, mesas de frutas eram oferecidas aos visitantes!

A caravana iniciada na Sociedad Espírita Sendero de Amor y Luz, em Havana, avança, em grupos de 10 até 200 confrades, por províncias e cidades como Camaguey, Bayamo, Las Tunas, Puerto Padre, Holguim, San Pablo de Yao (província de Granma)... e a cada “centrinho espírita”, muita simplicidade, mas os sorrisos de alegria estampados... os grupos passam pelo Consejo Espiritista de Cuba, Iglesia Episcopal Cuba (que cede espaço, de forma fraterna, para as reuniões espíritas!) e até mesmo são recebidos no Comitê Central do Partido Comunista Cubano.

Diante do vídeo, entendi porque Cuba é o maior país espírita depois do Brasil, conforme dados do próprio CEI. Como bem publicou a Revista Internacional de Espiritismo (RIE) de maio de 2013, o país é considerado a segunda nação em número de centros espíritas, superando países como Colômbia e Portugal, onde são grandes os números de instituições espíritas. Até então, pensávamos ser Portugal o detentor da segunda colocação.

A RIE aponta que até 1963 houve total liberdade religiosa na ilha, tanto que, entre 1935 e 1963, realizaram-se 26 grandes encontros espíritas nacionais, mas, depois, os trabalhos públicos espíritas foram proibidos. Em 2.000 voltaram a acontecer os encontros espíritas públicos, que culminaram com a primeira visita de Divaldo Franco à ilha em 2008.

O congresso do último mês de maio contou com 24 delegações do exterior e com a maciça participação dos espíritas cubanos. Foram 1.200 congressistas do país anfitrião, 569 brasileiros e 243 de outros países. Aliás, desde o ano 2.000 os líderes espíritas de Cuba vêm trabalhando em conjunto com o Ministério das Religiões para a ampla liberdade religiosa, e o crescimento da Doutrina se dá mesmo porque o panorama é outro: o governo cubano apoia a difusão espírita na ilha.

FEB envia contêiner de livros

Em 2008, o então secretário geral do Conselho Espírita Internacional, Nestor Masotti, obteve o compromisso da Ministra das Religiões de Cuba, Caridad Diego Bello, de que haveria uma maior abertura para a importação de livros pelos espíritas, o que foi conseguido. A Federação Espírita Brasileira, em seguida, enviou um contêiner ao país com livros espíritas que foram distribuídos entre as instituições cubanas, para suprir a falta de material para as reuniões. Um grande avanço, que fará a Doutrina avançar ainda mais, pois sabe-se o grande nível de leitura do povo cubano.

Segundo a médica Marlene Nobre, em entrevista a Claudia Santos, a mudança em relação ao Espiritismo tem se acentuado com o tempo. Na verdade, o ressurgimento do Espiritismo em Cuba é algo extraordinário. Há 400 centros espíritas em Cuba, já legalizados, e 200 em vias de legalização. A abertura religiosa é agora tutelada pelo governo. E ela tem sido efetiva e irreversível.

Entretanto, há divisões doutrinárias, como o “Espiritismo de Cordão”, onde todos rezam de mãos dadas, o “Espiritismo Trincadista”, que não considera a Doutrina como Religião e o “Espiritismo de José de La Luz”, nobre entidade que orienta o movimento cubano sob as diretrizes de Kardec. Cremos que o tempo fará uma maior unificação doutrinária, pois temos de entender que a rigor, nem mesmo no Brasil há uma unificação total.

Confiram o vídeo! Que Jesus abençoe nossos irmãos tarefeiros espíritas cubanos, hoje e sempre!

 

Juvan Neto        
C. E. Jesus de Nazaré
Barra Velha – SC
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sábado, 21 de setembro de 2013

Presença de Carlos Baccelli


Uma defesa para quem não precisa de defesa, já que sua postura e seu exemplo são seus maiores currículos 

Mais uma vez, acompanhei o médium uberabense em um ciclo de palestras em nossa região, passando pelas cidades de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas, Santa Luzia e Belo Horizonte. Momentos de muita reflexão e bastante aprendizado. Em todas as palestras, destaque em relação à leitura e ao estudo do Pentateuco Kardequiano e das obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Segundo Baccelli, as obras através de Chico Xavier representam o desdobramento natural das Obras Básicas de Allan Kardec. Por isso mesmo, alertou que não podemos permitir que elas sejam esquecidas.     
Conheço o médium uberabense Carlos Antônio Baccelli desde a década de 80, quando freqüentávamos a Casa da Prece, onde o nosso amigo e benfeitor Francisco Cãndido Xavier nos acolhia a todos com amor e generosidade. Boas lembranças e muitas recordações. Na verdade, Baccelli acompanhava as tarefas com Chico Xavier, desde o início da década de 70, ainda na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba.
Nestes anos de estreita convivência, em parceria mediúnica com Chico Xavier, produziram 10 belíssimas obras. Atualmente Baccelli já produziu 108 obras, psicografadas ou não, de grande conteúdo e valor doutrinário. Dentre estas, 15 são obras biográficas sobre Chico Xavier, algumas delas em parceria com Márcia Baccelli, sua esposa. O que nos leva a considerar o Baccelli como sendo o maior biógrafo de Chico Xavier.
Nos anos 80 quando se falava que, no futuro, as nossas instituições espíritas deveriam funcionar 24 horas, na minha ingenuidade, ficava me perguntando como seria possível organizar tantas reuniões neste período. Entretanto, ao visitar pela primeira vez o Lar Espírita Pedro e Paulo em Uberaba, instituição fundada pelo Baccelli, pude perceber o que significava funcionar integralmente, pois as reuniões aconteciam e ainda acontecem em uma instituição de atendimento aos idosos, seguindo a recomendação de Jesus: “Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” e a orientação da Doutrina Espírita: “Fora da Caridade não há salvação”.
Além desta instituição, Baccelli foi o fundador da Casa do Caminho, instituição de auxílio aos portadores do HIV, colaborador no Centro Espírita Bittencourt Sampaio, além de idealizador e fundador de outras casas espíritas na cidade de Uberaba. 
Desde 1999, quando Baccelli esteve pela primeira vez no Grupo Espírita Scheilla, na cidade de Pedro Leopoldo, acompanho suas atividades em nossa região e posso dizer de algumas de suas qualidades como, por exemplo, sua autenticidade e dedicação sem limites. Além do mais, não faz pose de guru ou médium popstar (muito comum em nosso movimento) e todas as vezes que vem a nossa região, não faz nenhum tipo de exigência.
Quanto àqueles que não gostam do seu estilo, aproveito para dizer que um dos grandes problemas na atualidade é a intransigência, o desrespeito pelas diferenças. O mundo seria muito chato se todos nós fôssemos iguais. Portanto, em um movimento de liberdade de expressão é muito natural que as pessoas expressem as suas opiniões, defendam teses fruto de pesquisas e investigações. Neste mundo das diferenças todos nós podemos crescer sem desqualificar o outro. E, muitas vezes, somente o tempo irá nos dizer sobre os nossos erros e acertos.   
Portanto, seguindo a recomendação evangélica “Conhece-se a árvore pelos frutos”, posso afirmar que desde a década de 80 e nos 21 anos de convivência que tive com Chico Xavier, o uberabense Carlos Antônio Baccelli expressa, no discurso e na prática, a grande influência que Chico teve em sua vida.
Baccelli é um dos trabalhadores espíritas que merece o nosso respeito e o nosso reconhecimento, pois vem procurando dar a sua parcela de colaboração e testemunho na perspectiva de um movimento espírita voltado para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e feliz. 

 

Jhon Harley Madureira Marques
Presidente do Conselho Curador da Fundação Cultural Chico Xavier e Colaborador no Grupo Espírita Scheilla e na Casa de Chico Xavier, em Pedro Leopoldo. Autor da mais completa biografia de Chico Xavier em Pedro Leopoldo - "O Voo da Garça", da Vinha de Luz Editora.