Total de visualizações de página

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fernanda Vogel... de volta...

Saiba detalhes sobre a linda carta que a modelo desencarnada em 2001 enviou através do médium Carlos Baccelli, de Uberaba, e conheça o que a mãe de Fernanda falou sobre essa mensagem

Uma linda e inspirada carta ditada pelo espírito Fernanda Vogel ao médium Carlos Baccelli trouxe alento à família da jovem modelo de 20 anos de idade, que desencarnou em 27 de julho de 2.001, num dos acidentes mais comentados e noticiados na época pela TV e pela imprensa em geral. A queda do helicóptero no mar vitimou Fernanda e mais um tripulante. O namorado dela, João Paulo Diniz, conseguiu sobreviver.
O casal iria comemorar os dois meses de namoro na casa da família Diniz em Maresias, litoral paulista, mas o mau tempo derrubou a aeronave. O piloto Ronaldo Jorge Ribeiro também morreu no acidente. O co-piloto Luiz Roberto de Araújo Cintra e João Paulo conseguiram nadar até a praia.
Na época, João Paulo chegou a ser acusado de induzir o piloto a voar apesar do mau tempo e de condições meteorológicas adversas. A suspeita é descartada por própria Myrian Vogel, mãe da modelo. “O João foi uma vítima também. Ele estava no helicóptero e nunca se colocaria em risco”, diz a comissária. Na época, a mãe negou inclusive qualquer desentendimento com as famílias Vogel e Diniz. 
Foi esse momento de dor e lágrimas que levou a família Vogel em busca de respostas. Confiando na mediunidade, os familiares foram a Uberaba em busca de uma carta consoladora. E ela veio. Na carta recebida pelo psicógrafo uberabense Carlos Baccelli, em 20 de julho de 2.010, no Lar Espírita “Pedro e Paulo”, no bairro de Lourdes, em Uberaba, Fernanda se manifesta e revela certos detalhes do acidente.
A mãe acredita nas mensagens espíritas, segundo reportagens feitas em 2003 pela revista Isto É Gente. O alento veio inicialmente de oito mensagens recebidas de dois centros espíritas no Rio, entre eles o Centro Espírita Leon Denis (CELD), uma referência doutrinária devido ao trabalho do saudoso Altivo Caríssimi Pamphiro, hoje na Espiritualidade.
Além do conforto buscado em terras cariocas, também houve a busca pela mensagem psicografada por Baccelli, em Uberaba. Em todas elas, algumas enviadas por uma professora de Fernanda na época do primário, a modelo dizia estar bem e conformada com seu destino. Através de Baccelli, Fernanda diz que na hora do acidente, João fez o que pôde para socorrê-la, e o espírito da avó da modelo, Maria Luiza, foi quem a ajudou no instante decisivo.
Fernanda pede à mãe que tenha confiança na misericórdia de Deus, e que foi o espírito da avó que a retirou das águas do mar, com facilidade impressionante. No Plano Espiritual, Fernanda entrou em sono profundo e despertou vários dias depois. Cita ainda a presença espiritual de uma tia chamada Isabel, e não conserva mais lembranças tristes do acidente. Fernanda diz estar agora estudando e trabalhando, mas as “passarelas da imortalidade” trazem outras aspirações, não mais de caráter tão pessoal.
Um ponto interessante citado pelo espírito Fernanda na mensagem via Baccelli é a assistência amiga do próprio Altivo Caríssimi Pamphiro. Ela mesma diz que comparece, do Plano Espiritual, às atividades do CELD, e Altivo, a tem encorajado em sua necessidade de adaptação à nova realidade.
Católica, a mãe de Fernanda diz não ter coragem de presenciar as manifestações nos centros, mas as considera reconfortantes. Um dia antes de o corpo ser encontrado, em agosto de 2001, Myriam recebeu a carta de uma professora de Fernanda, que atuava num grupo que atua no socorro dos espíritos recém-desencarnados no Rio de Janeiro. Foi essa professora, juntamente com outra médium do grupo espírita, que viram primeiramente o espírito de Fernanda.  
O anjo da guarda de Fernanda deu informações para a professora, que procurou Myriam. A mãe de Fernanda, inicialmente, não acreditou, embora confiasse na idoneidade da professora. E destacou na época à revista Gente ter absoluta certeza da veracidade de pelo menos um dos recados, em que a filha se refere às violetas e margaridas plantadas pela mãe no peitoril da janela de seu apartamento. “Ninguém do centro espírita tinha ido à minha casa”, afirma Myrian.
Em seguida, vieram mensagens, inicialmente, pelo Lar Espírita de “Frei Luiz”, no Rio de Janeiro, e no final de 2010, o encontro com o médium Baccelli. “É um remédio para a alma. Um alívio para outros pais que perderam seus filhos, porque mostra que existe a continuidade”, afirma a comissária, revelando ter recebido vários “sinais” da Espiritualidade antecipando os momentos difíceis pelos quais a filha passaria. Estes “sinais” acabaram virando um livro – “Fernanda Vogel na Passarela da Vida” (editora 7 Letras, 252 páginas), da jornalista Tammy Luciano.
A psicografia acabou postada também na internet, no popular site de vídeos Youtube, já com mais de 2.500 acessos. E muitos internautas se emocionaram com a mensagem psicografada. Meyre Aparecida considera “feliz daquele que conhece as leis Deus, o qual dá a oportunidade maravilhosa” de através dos sonhos encontrar entes queridos. “E mais gratificante ainda a oportunidade de receber notícias de que nossos amados estão bem, procurando se evoluir espiritualmente”.
Comunicações familiares deste gênero não são novidades para quem estuda ou se interessa pelo Espiritismo. Desde “O Livro dos Espíritos”, de autoria de Allan Kardec, e mais precisamente na obra “O Céu e o Inferno”, é possível entender como se processam as comunicações familiares – a absoluta maioria delas sem qualquer informação da família repassada anteriormente ao médium que a recebe.
A psicografia, entretanto, se popularizou com Chico Xavier, a partir de 1927, em Pedro Leopoldo, terra natal do médium de Minas Gerais. E dos anos 70 em diante, na última fase de seu abençoado apostolado mediúnico, Chico deu vazão à mais ampla consolação de cartas familiares como essa da modelo Fernanda – tarefa psicográfica que hoje é seguida pelo próprio Baccelli e por outros médiuns uberabenses, como Celso de Almeida Afonso e Alaor Borges, entre outros.
“Muitos pensam que com a partida do Chico, não há mais quem faça o trabalho da recepção das cartas consoladoras”, diz Raul Rodriguez, articulista espírita. “Mas os médiuns, verdadeiras pontes de luz com a Espiritualidade, estão lá, trabalhando”, observa.
Carlos Baccelli dedica-se à recepção de cartas consoladoras em sessões que para qualquer pessoa que não entende o fenômeno, seriam exaustivas. Entra em transe sempre aos sábados e domingos, de madrugada – o trabalho inicia às 7h, mas às 4h, ele já está no Lar “Pedro e Paulo” recepcionando mães e demais familiares de caravanas de todo o Brasil e até do Exterior. O transe, em geral, vai das 6h até 10h, ou um pouco menos.
A média é de sete a oito comunicações por sessão, mais a mensagem final sempre dada por Irmão José, o mentor espiritual de Baccelli. O auditório, para mais de 200 pessoas, é saturado pela emoção. Detalhes familiares, apelidos, assinaturas muito semelhantes, situações da intimidade que só o desencarnado e um ou outro parente sabiam – ou nem mesmo sabiam, pois em alguns casos, a confirmação de fatos narrados na carta vem depois de uma pesquisa.
No caso das assinaturas muito semelhantes, a estudiosa da mediunidade Suely Caldas Schubert, no DVD “Mediunidade, o que você precisa saber”, da Mundo Maior Filmes, explica que esse é um gênero ou especificidade da mediunidade muito raro – Chico também captava a letra dos espíritos, que foram inclusive alvo de estudos do especialista Carlos Perandrea, no livro “A Vida Triunfa”, da Editora FE. Baccelli também tem essa especificidade mediúnica.
A beleza da mensagem de Fernanda Vogel, reconhecida pelos familiares, deixa à mostra uma das facetas mais consoladoras do Espiritismo – justamente, as cartas psicografadas.   


Recepção de cartas familiares não é fácil, leciona doutor Odilon
Mas a recepção de cartas familiares, prevista em “O Livro dos Médiuns”, obra na qual o insigne Codificador dedica toda a segunda parte para analisar as manifestações espíritas, não é um processo fácil e envolve toda uma somatória de responsabilidades.
No capítulo 13 da segunda parte de “O Livro dos Médiuns” estão dadas as primeiras informações sobre a psicografia direta ou manual, e mais explicações estão no capítulo 14, “dos médiuns”, e ainda no capítulo 24, “da identidade dos espíritos”.
“O Livro dos Médiuns” é sempre a obra de referência quando o assunto é a comunicação com os espíritos e o exercício das faculdades mediúnicas. O já citado “O Céu e o Inferno” também, em virtude dos relatos detalhados da situação de vários espíritos.
“Não é fácil para o médium dedicar-se à recepção das referidas páginas, mormente quando atuando em público”, leciona o espírito Odilon Fernandes, também através da mediunidade de Carlos Baccelli. “Dentre os vários fatores a serem considerados, há muitas nuances”, frisa o espírito.
Segundo Odilon, como existem espíritos que também atuam como médiuns no próprio plano espiritual, o intérprete encarnado das mensagens particulares como a de Fernanda, advindas do Mais Além para a Terra, pode captá-las de seu Espírito Protetor e não propriamente do autor desencarnado, quando ele esteja impossibilitado de fazê-lo por si.
Na obra “O Transe Mediúnico”, da editora LEEPP, de Uberaba, doutor Odilon fala mais sobre a recepção de cartas como a da modelo, numa obra totalmente embasada em “O Livro dos Médiuns”. “As mensagens mediúnicas familiares, recebidas principalmente por meio da psicografia, constituem um capítulo à parte no estudo da mediunidade”, observa, no capítulo 36.
Fernandes orienta que somente à custa de exaustivos exercícios, num período de tempo, mais ou menos longo, é que o médium, em geral, se mostrará apto à recepção de mensagens de caráter particular. E nesses casos, “torna-se indispensável maior grau de confiança” do próprio médium em si e nos espíritos que o assessoram.
“Não obstante, se o médium carece de combater a própria insegurança, não lhe convém, sob qualquer hipótese, prescindir do discernimento na avaliação prévia do teor de da conveniência de tais comunicados”, continua Odilon.
Na visão do orientador espiritual, mais do que em qualquer outro setor da mediunidade, posta em nome do Cristo a serviço do consolo e do esclarecimento aos que sofrem com a suposta ausência de seus entes queridos, arrebatados que foram pela desencarnação, o medianeiro chamado a atuar nesse campo e atividade doutrinária necessita estar imbuído do maior desinteresse de natureza pessoal.
“Que o médium que se faz intérprete das mensagens mediúnicas particulares não cogite, por recompensa de seu esforço e de sua dedicação, mais do que a alegria de ser útil no cumprimento do seu dever”, adverte Odilon.
Aos adversários
Outro detalhe importante nesse aspecto das cartas familiares é levantado por Odilon Fernandes no capítulo 29, e destinado aos adversários do Espiritismo – em especial ligados às religiões dogmáticas, que vêem no Espiritismo algo de “ocultismo”, seja por desconhecimento ou mesmo má fé. Segundo Odilon, os que acusam os adeptos do Espiritismo de promover a comunicação dos espíritos a contragosto destes, estão, pois, enganados.
“Em geral, os desencarnados também se esforçam pelo contato, e tanto assim é que são eles, que não os encarnados, que promovem os encontros espirituais que acontecem durante o desdobramento natural do sono”. E acrescenta: “quase sempre, é a presença dos familiares encarnados em determinado centro espírita que efetua uma evocação indireta daqueles espíritos com os quais desejam entabular um diálogo”.
Na visão de doutor Odilon, os espíritos, por si, por mais que fossem chamados, não iriam responder à evocação de um médium que, para eles, na maioria das vezes, é pessoa desconhecida, sem nenhum laço afetivo mais forte que justifique o seu comparecimento a esta ou àquela reunião.
No caso de Fernanda Vogel, pelo número de mensagens dela já encaminhadas à família, foi a busca dela própria em confortar seus entes queridos preponderante para que as cartas chegassem à sua mãe.  
“Por isso”, diz doutor Odilon, “o médium Chico Xavier se valia de uma expressão para definir, com palavras claras e objetivas, a essência do fenômeno de intercâmbio entre encarnados e desencarnados”: - “O telefone só toca de Lá para Cá...”.

Por Juvan de Souza Neto, jornalista e radialista. Em Barra Velha, Santa Catarina, edita o jornal doutrinário Espaço Espírita, de circulação trimestral (cejn.org.br) e preside o Centro Espírita Jesus de Nazaré, fundado em 1965. Publicado originalmente na Revista Espiritismo & Ciência. Foto: Internet / Site Terra. Caso o uso dessa imagem viole direitos autorais, nos notifique que a retiraremos.